Conduta Reverente


por Mark Dever


Eu me lembro de aparecer para ensinar numa classe de escola dominical na Nova Inglaterra onde todos me esperavam — e eles me esperaram durante uma hora! Todos os seus relógios foram adiantados em uma hora; eu esqueci de mudar o meu. Eu estava vivendo de modo diferente deles, obedecendo um relógio diferente. No primeiro capítulo de 1 Pedro, Pedro diz que Cristãos vivem vidas diferentes porque tem objetivos diferentes. O leitor de Pedro eram jovens Cristãos que estavam meio confusos. Eles se tornaram Cristãos, mas então suas vidas pareciam ficar mais difícil ao invés de fácil. Eles começaram a imaginar: “Estamos fazendo algo errado? Por que essas coisas estão acontecendo?” Nessa breve carta Pedro os entregou uma resposta maravilhosa.
Ele os mostrou que quando Deus muda nossos amores, nossas vidas mudam. E o que eles mudam para ser maravilhoso — nossas vidas mudam para refletir o próprio caráter de Deus! Três coisas parecem marcar a vida do Cristão como Pedro descreve em 1:13-25 — santidade, reverência e amor.
O Apóstolo diz em 1:13-16 que devemos desejar a beleza de ser como Deus em sua santidade. Ele cita o mandamento divino em Levítico na qual o povo era ordenado a ser santo porque Ele, o Senhor, é santo. Aquilo ainda era verdade nos dias de Pedro, e ainda é verdade nos nossos.
De fato, se a santidade se destacou nos dias de Pedro, ela certamente não é menos distinta do que em nossos dias. Hoje, nossas crenças são vistas como primitivas e mesmo alarmantes por muitos daqueles ao nosso redor. Um amigo recentemente me contou de ir a uma certa reunião no American Bar Association. Ele estava sentado do lado de fora de uma sala de reuniões de um grande hotel antes da reunião, lendo um comentário de Gênesis. Um advogado proeminente que ele conhecia veio até ele para cumprimentá-lo. Depois de uma conversa fiada, o advogado perguntou ao meu amigo qual era a leitura. Ele mostrou a ele salientou que era um comentário do livro de Gênesis. Meu amigo disse que o advogado fisicamente recuou. Ele pensou que ele ia cair! O rosto do advogado ficou vermelho, seus olhos saltaram e ele começou a gaguejar. Finalmente, ele apontou o dedo para o livro do meu amigo e disse, “não acredito que você trouxe isso,” querendo dizer, meu amigo achou, “Como você pode trazer essa relíquia de outra era para essa reunião de mentes pensantes?” Então meu amigo disse que o advogado saiu rapidamente, da forma mais preocupada que ele já viu.
O que aconteceu? Meu amigo estava experimentando “estranheza” de ser um Cristão na America moderna. E ainda meu amigo, como todos que são verdadeiramente Cristãos, não deve viver ignorando Deus, como nossos amigos não-Cristãos normalmente fazem. Devemos ser santos como Deus é santo.
Um segundo aspecto da vida Cristã é ter reverência a Deus. Em tudo que fazemos, devemos pensar em Deus.E nós estamos certos em temer o simples desprazer Daquele que conhece todas as coisas, juiz imparcial. Nós devemos nos comportar à luz de Sua presença e caráter, à luz daquilo que Ele fez por nós em Cristo e o que Ele fará como juiz. Pedro diz: “portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Pedro 1:17).
Essa ideia de temer frequentemente confunde os Cristãos, mas é uma parte natural de qualquer relação significante que temos. Não queremos, sem intenção, ofender ou perder um amigo. Aquelas coisas que mais valorizamos estão refletidas — como um espelho — em nossos medos. O que tememos? Doença? Problemas financeiros? Rejeição? Pobreza? Solidão? Fraquezas? Temer essas coisas mais que Deus significa dar mais valor a elas do que a Deus. Finalmente, significa obedecer-las mais que a Deus.
E se seguir a vontade de Deus para nossas vidas significa que vamos colocar nossas vidas em perigo nos mudando para o Afeganistão ou arriscar rejeição quando recusamos fazer algo imundo com um amigo? Pedro disse a esses Cristãos — e nos diz hoje — que devemos olhar para Deus primeiro em todas as nossas ações.
Finalmente, nesse capítulo, Pedro diz que a vida Cristã é marcada pelo amor. “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1:22). Pedro os ordena a fazer isso porque a pressão que esses Cristão primitivos estavam enfrentando de seus amigos não-Cristãos poderia tê-los levado a se tornarem irritados e grossos uns com os outros. Nem sempre reagimos graciosamente sob pressão, não é verdade?
E se realmente vivermos vidas santas, reverentes e tementes? Nosso nome é glorificado? Somos exaltados em glória? Pedro diz que o resultado disso é que Deus glorificado. “Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que que falam contra vós outros como malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (2:12). Se como Cristãos vivemos vidas santas, reverentes e tementes a Deus, a vontade de Deus será glorificada.
Valia a pena para esses Cristãos antigos de viverem desse modo? Seria valioso para você e eu? Isso tudo depende de qual é nosso objetivo. Se nosso objetivo é nosso conforto imediato próprio, então a resposta seria “não.” Vida fiel significará constrangimento e mesmo rejeição as vezes. Mas se nosso objetivo for a glória de Deus, então todo o julgamento que poderíamos sofrer certamente vale a pena. Como esses primeiros Cristãos sabemos disso. Oremos para que vivamos isso para a glória de Deus.
Tradução: Eric Lima
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