O risco de acreditar que a mentira é normal


por Marisa Lobo
Psicóloga Clínica

A mentira é tão comum entre as pessoas que corremos o risco de achá-la normal. Conhecemos mentiras que machucam, mentiras engraçadas, mentiras que difamam, mentiras históricas, mentiras que traem, mentiras que são capazes de mexer com a economia de um país, mentiras que causam guerras, mentiras que destroem amores e sentimentos. Quem disser que nunca mentiu, com certeza, está mentindo. E não são apenas os especialistas que dizem isso. A Palavra de Deus confirma essa verdade na carta de João: “Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1.10).

Não estamos falando necessariamente de grandes farsas, mas de pequenas mentiras ou, se preferir, omissões que permeiam a vivência social. Muitas vezes, a mentira funciona para preservar a privacidade, os vínculos afetivos, evitar constrangimentos, não ferir sentimentos, fugir de um castigo, escapar de uma situação embaraçosa. Nesses casos, a sociedade tolera e até recebe bem a troca da franqueza por uma meia verdade.

E Deus aceita “meias verdades”?

A Palavra de Deus não aceita meias verdades. “Sim, sim, Não, não, porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mt 5.37). A Bíblia não esconde nem omite os erros e as mentiras que grandes heróis da fé, homens tementes da Deus, cometeram. Alguns deles usaram o recurso da mentira para realizar seus próprios desejos, outros para benefício próprio, por medo, por falta de fé. A Bíblia relata todas as verdades e também as mentiras ditas e não esconde as consequências que essas mentiras provocaram. Apesar de terem se arrependido e sido perdoados, essas personagens, grandes homens e mulheres, sofreram muito, espiritualmente, psicologicamente e socialmente.

Deus nunca escondeu da humanidade as mentiras e manipulações feitas pelos seus servos. Mesmo Davi, conhecido como “o homem segundo o coração de Deus”, proferiu enganos e mentiras para conquistar uma mulher, Bateseba. Deus não escondeu as armações de Davi, nem seu pecado, nem tampouco as consequências desastrosas na vida de Davi. Após as armações decorrentes de suas mentiras, a vida de Davi foi marcada por grandes feitos, grande amor e adoração a Deus; também foi marcada por tragédias. As consequências dos erros, de seus pecados e de suas mentiras provocaram uma sucessão de conflitos e tragédias, desde morte de filhos, perda de batalhas, estupro de sua filha, ou seja, mentira é sempre mentira e cedo ou tarde sofremos suas consequências.

Dizem que a mentira é um mal necessário para evitar problemas maiores, seja no relacionamento familiar, no trabalho, na amizade ou mesmo em relacionamentos afetivos. E Deus, o que diz da mentira?

Pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência – 1Timóteo 4.2.

Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte – Apocalipse 21.8.

Fato é que especialistas concordam que a mentira traz problemas muito sérios para quem mente e quem está sendo enganado por ela, mas em particular para as pessoas que usam este expediente. Qualquer que seja o fim a que se destina, há prejuízos sociais, comportamentais, físicos psicológicos e espirituais.

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