Igreja: o céu entre nós



Por Ricardo Barbosa
O Rev. John Stott, no seu livro/testemunho “Por que sou cristão”, afirma que, entre outras razões, ele tornou-se cristão porque o cristianismo é a única religião que apresenta uma resposta para a necessidade transcendente do ser humano. A ressurreição de Jesus é a resposta de Deus para o dilema da morte e a esperança da vida eterna.
No entanto, o “céu”, conforme narrado na bíblia, não é apenas um conceito vago sobre o que nos espera depois da morte, mas a vida vivida desde agora sob o governo de Deus. É a forma como gozamos desde já a nova vida revelada na ressurreição de Jesus.
A Bíblia nos oferece imagens, analogias e metáforas para entender o significado desta vida. O profeta Isaías (65:17-25) e o evangelista João (Ap. 21:1-7), nos apresentam um retrato magnífico da vida oferecida por Cristo. Eles usam 3 figuras que constituem a base do que significa o céu: Nova criação – simbolizando a transformação, cidade santa – simbolizando a comunidade restaurada e, noiva – simbolizando a intimidade.
Nova criação – João afirma: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe…E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas…” (Ap. 21:1, 5).Isaías também diz: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembranças das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is. 65:17). É por causa disto que o apostolo Paulo afirma que “se alguém está em Cristo é nova criação (nova criatura)”.
Deus veio restaurar todas as coisas em Cristo. Participar do céu é participar desta nova vida transformada em Cristo Jesus. O Rev. Eugene Peterson afirma: “A visão final de João é sobre o céu. Não é um fim, como imaginamos, mas um começo: “Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia” (Ap. 21:1). O pecado destruiu a criação em gênesis e agora a criação é restaurada pelo sacrifício da revelação. O produto deste começo e fim da criação são os mesmos: céus e terra. A história que tem a criação como sua primeira palavra, tem a criação em sua última palavra”.
Cidade santa – Comunidade restaurada. A visão de João não é de uma “igreja subindo”, mas de uma “cidade descendo”. O Rev. Peterson afirma: “Entramos para o céu não fugindo do que não gostamos, mas santificando o lugar onde Deus nos colocou para habitar. Para João o céu é formado dentro das ruas sujas cheias de adultério, tribunais corruptos, igrejas hipócritas”.
Deus está criando “novos céus e nova terra”. Há uma nova comunidade em curso, formada por aqueles que reconhecem em Jesus seu novo Rei e Senhor. É a comunidade daqueles que agora não adulteram mais, não roubam, mas trabalham para acudir aos necessitados, daqueles que deixaram para trás a mentira, idolatria, preguiça, luxúria, promiscuidade. Daqueles que amam, servem, cuidam. Esta comunidade não se encontra apenas aos domingos, mas leva para o mundo em que vive a nova esperança do reino que já chegou.
É uma cidade (comunidade) restaurada e que promove a restauração e isto inclui beleza e arte: “Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam” (Jeremias 31:4).
A nova criação, a cidade santa é também a noiva de Cristo. As duas cidades símbolo do Apocalipse (Babilônia e Jerusalém) nos ajudam a entender esta imagem. Babilônia é a cidade onde o mal é aceito e celebrado e, na medida em que isto acontece, ela vai se transformando numa prostituta. Jerusalém é a cidade onde a paz, a comunhão e o amor são celebrados e, quando isto acontece, ela se transforma na noiva.
A alegria da noiva é a certeza da espera do noivo. Viveremos com ele eternamente, seremos o seu povo e ele será o nosso Deus: “Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles” (v. 3).
Todos nós ansiamos por transformação, comunidade e intimidade. São exatamente estas realidades que significam o céu. Uma humanidade transformada à imagem de Cristo, uma comunidade restaurada onde todos são reconhecidos e amados, e uma intimidade na comunhão pessoal com o Noivo. Não precisamos esperar até a morte para começar a provar tudo isto, com a ressurreição de Cristo, este mundo já foi iniciado.
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