O toco da esperança


Ultimato

Uma vez chamado por Deus para ser profeta, no ano em que o rei Uzias morreu (cerca de 740 a.C.), Isaías começa a anunciar primeiro o juízo e, depois, a misericórdia do Senhor sobre a nação eleita. Durante 40 anos, o profeta fez ambas as coisas. Logo no início recebeu uma estranha ordem: “Isaías, faça com que esse povo fique com a mente fechada, com os ouvidos surdos e com os olhos cegos, a fim de que não possam ver, nem ouvir, nem entender ” (Is 6.10). Com essa mensagem, o profeta realiza a primeira obrigação que tinha: convencer o povo do pecado e do juízo que cairia sobre a nação. Essa incapacidade de ver, ouvir e entender tornaria difíceis — senão impossíveis — a conversão e a cura do povo. Porém, o profeta deveria clamar continuamente (segundo a tradição, Isaías é o herói da fé “serrado pelo meio”, do qual fala a Carta aos Hebreus). O pico do juízo divino aconteceria mais de 150 anos depois, com a destruição de Jerusalém e a deportação do povo para a Babilônia (586 a.C.).
Entretanto, como o ministério do profeta era duplo, Isaías anuncia também a graça divina: “Os que restarem [os israelitas não deportados] serão como o toco de um carvalho que foi cortado” (Is 6.13). Eis o toco da esperança!
Digamos que esse carvalho tivesse 12 metros de diâmetro (como um cipreste do México) e 110 metros de altura (como a sequoia gigante da Califórnia). Ainda assim ele seria cortado ao rés do chão, perderia o tronco, os ramos, as folhas e a imponência, mas não as raízes. Ficaria o toco da esperança e o carvalho cresceria outra vez. O juízo divino não poupa a árvore e a graça divina poupa o toco da árvore. Isaías explica: “O toco representa um novo começo para o povo de Deus” (Is 6.13).
Deus nunca acaba com tudo! Ele sempre deixa o toco da esperança. Precisamos enxergar os tocos da esperança que estão nas Escrituras, na história e nos eventos. São apenas tocos, mas estão enraizados, firmes, cheios de vida e de potencialidade, que vão nos surpreender. Mesmo com uma mensagem carregada de guerras, sangue e “barulho de choro” (Is 15.8), o profeta, não apenas uma vez, mas várias, aponta para o mais solene e glorioso toco de esperança, tanto para os judeus como para os não-judeus:
A aflição dos que estiverem sofrendo vai acabar [...]. O povo que andava na escuridão [sem poder ouvir, ver e entender] viu uma forte luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas. Tu, ó Deus, aumentaste esse povo e lhe deste muita felicidade […]. Tu arrebentaste as suas correntes de escravos, quebraste o bastão com que eram castigados […]. As botas barulhentas dos soldados e todas as suas roupas sujas de sangue serão completamente destruídas pelo fogo. Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei. Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”. […] No seu grande amor, o Senhor Todo-Poderoso fará com que tudo isso aconteça (Is 9.1-7).
A criança, o menino, o rei, o “Príncipe da Paz”, são uma só pessoa: o Senhor Jesus Cristo. Esse notável toco de esperança “representa um novo começo para o povo de Deus” (Is 6.13b). O Apocalipse também nos fala de um novo começo: “Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram” (Ap 21.1).
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