O Papel dos Avós na Criação das Crianças, Um Olhar Clínico
por Reinaldo de Paula
A cada dia que passa, torna-se mais complicado contratar alguém para tomar conta das crianças, uma babá por exemplo.
A onda de perigo está alta. Pessoas violentas e desestruturadas emocionalmente e psiquicamente, estão se candidatando para cuidar de nossas crianças.
Muitos pais, percebendo esse perigo, valem-se dos avôs, ou seja, de seus próprios pais para desempenharem tal função.
Em 2020 os avós representarão 40% da população (17 milhões) e em 2040 serão 21,5 milhões (segundo pesquisas).
Outra situação real e corriqueira é que alguns, por carregarem suas dificuldades interiores como ansiedade, carência etc., acabam queimando etapas de suas vidas e de repente encontram-se em tenra idade e com filhos para cuidar, vendo a grande problemática em que se meteram, correm e pedem socorro para seus pais.
Daí a intervenção dos avós que, cheios de boa intenção, pensando estar contribuindo para uma boa formação de seus netos e no geral desencadeiam atitudes de mimo e super-proteção que deixam marcas e uma má formação na personalidade da criança que em contrapartida torna-se um adulto cheio de dificuldades, sejam elas de ordem emocional, psíquica etc.
Infelizmente, vemos numerosas histórias iguais ou muito parecidas onde muitas crianças problemáticas, rebeldes e desinteressadas pelos estudos, sem postura alguma para aprender, para viver uma vida escolar plena, crianças perdidas dentro de si mesmas, onde suas escalas de valores estão totalmente invertidas, a um passo da marginalidade.
O costume de pedir à mãe para ficar com o bebê ou as crianças menores enquanto vai ao centro, está vivo até nos dias de hoje.
É certo que a necessidade existe, mas muitas necessidades transformam-se em hábitos.
Os avós também precisam de descanso, mas infelizmente muitos filhos e filhas não percebem que a privacidade ensinada por seus avós, funcionam também para seus pais e passam a semana entregando seus filhos a eles e nos finais de semana estão todos novamente na casa de seus pais.
Alguns avós até gostam, no entanto com o passar do tempo, sentem-se cansados e sem condições para continuarem a cuidar de seus netos.
Muitas famílias desestruturadas vivem em torno de seus patriarcas e matriarcas e vivem dependentes não somente no aspecto emocional, mas também também financeiro.
As relações também são desordenadas e é muito fácil ver os netos chamarem seus avós de “Pai” e “Mãe” e não somente isso, mas vivenciando toda uma relação, um vínculo afetivo paternal.
Na cabeça de uma criança, o relacionamento em que se misturam as funções de pais e avós pode desencadear uma confusão muito grande com consequências marcantes para toda sua vida.
As novas famílias, os novos padrões, os novos modelos familiares são reais e complexos e quanto mais complexos, mais surgem dificuldades por parte das crianças no que diz respeito à divisão mental dos papéis familiares, isso interfere diretamente na aprendizagem, na aquisição de novos valores.
O fato é que quanto mais simples as relações, as divisões de tarefas, de responsabilidades parentais mais probabilidade de saúde emocional, psíquica, equilíbrio da autonomia pessoal.
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